AM: Responsáveis de alunos protestam contra demissão arbitrária de diretora de escola por Secretaria de Educação - A Nova Democracia


Autor: Comitê de Apoio – Manaus (AM)
Categorias: Nacional
Descrição: Pais e responsáveis enunciam a demissão da diretora da Escola Municipal Allan Kardec pela Secretaria de Educação. Para eles, a diretora estava fazendo um ótimo trabalho e a demissão foi arbitrária.
Seção de links: nacional
Tempo modificado: 2024-02-15T16:02:44-03:00
Tempo publicado: 2024-02-15T16-02-42-03-00
Seções: Nacional
Tag: educação
Tipo: article
Tempo atualizado: 2024-02-15T16:02:44-03:00
Imagens: 000000.png 000001.png

No dia 9 de fevereiro, pais e responsáveis de estudantes da Escola Municipal Allan Kardec, localizada na Zona Leste de Manaus, realizaram uma manifestação em frente ao colégio para denunciar a Secretaria de Educação (Semed) por retirar, de forma autocrática, a atual diretora da escola. O caso evidencia a completa ausência de democracia nas instituições escolares amazonenses, onde as gestões de escolas são direcionadas por indicações políticas dos gerentes de turno.

Durante o ato, com discursos e cartazes, os moradores cobraram justificativas plausíveis para a troca de gestor, denunciaram a constante falta de vagas na escola e reivindicam acessibilidade às crianças com deficiência. Para Deliane, mãe de uma aluna ouvida pelo portal Radar Amazônico, a diretora Cristiane do Nascimento estaria fazendo um ótimo trabalho.

“A gente sabe a calamidade que está no nosso bairro, estamos pedindo aqui que a gente tenha uma resposta do por quê, que a diretora está saindo e das faltas de vagas (…). A gente não pode deixar, ela estava fazendo um ótimo trabalho”, diz ela.

Manifestação na Escola Municipal Allan Kardec, em 2024. Foto: Reprodução

O caso, entretanto, não é o primeiro na cidade de Manaus. Ainda em maio de 2023, centenas de estudantes, pais e responsáveis do bairro Santo Antônio, na Zona Oeste da cidade, realizaram uma grande manifestação em frente a Escola Municipal General Aristide Barreto.

Com cartazes dizendo: Queremos nossa gestora de volta , Assim, Perseguição não e Deixem nossa escola em paz , as massas acusavam a Secretária de Educação, Dulce Almeida, de exonerar a então gestora da escola, Patrícia Cerquilho, por motivos de perseguição política, uma vez que a profissional vinha tecendo críticas públicas as políticas da Semed.

Leia também: AM: Professores indígenas denunciam perseguição do governo após campanha de luta

Coronelismo na Educação amazonense

É importante ressaltar aqui que a política educacional do Amazonas é um dos pilares de negociação do jogo político do velho Estado. Seguindo uma lógica coronelista, os sucessivos prefeitos e governadores usam das indicações a direção das escolas para trocar favores e favorecer aliados, jogando com o direito a uma educação de qualidade para as amplas massas.

Para o Professor Lambert, dirigente do Sindicato dos Professores e Pedagogos de Manaus (ASPROM Sindical), ouvido pelo correspondente local do E , essa política de apadrinhamento político de gestão interfere diretamente na qualidade da educação pública.

“É notório que os gestores das escolas públicas, o principal compromisso que eles têm, quando são colocados nas administrações das escolas, é concretizar a escola como curral eleitoral daquele político que está lhe apadrinhando. Então, o principal critério para a indicação desses nomes é que ele seja capaz de conquistar a confiança (e consequentemente os votos) da comunidade escolar, dos pais dos alunos e dos alunos adultos”, diz ele.

Sobre as consequências diretas desse tipo de política oligárquica, o sindicalista conta:

“Logicamente que advém daí, muitos problemas que levam a uma precarização das relações de trabalho para com aqueles profissionais das escolas e também uma precarização da qualidade do ensino e da aprendizagem dos estudantes. A escola fica à mercê dos interesses político-partidários e todas as ações que são realizadas tem como finalidade não a melhoria da qualidade do ensino, mas sim o atendimento dos interesses daqueles que estão apadrinhando”.

A ASPROM SINDICAL aproveita também a oportunidade de ressaltar uma das bandeiras de defesa da categoria docente, que é a eleição direta para os gestores escolares.

Outra organização também ouvida pelo correspondente do E , que também defende de maneira intransigente a eleição direta para os gestores escolares é a Executiva Amazonense dos Estudantes de Pedagogia – ExAmEPe. Para Beatriz, ativista da entidade, nos fala um pouco sobre a importância dessa luta:

“A eleição do diretor escolar é um dos elementos que pode contribuir para o exercício da gestão democrática na educação, permitindo o envolvimento da comunidade no processo decisório sobre a organização e o funcionamento da escola. Essa é uma forma abrangente de democracia, permitindo que todos participem ativamente na seleção dessa autoridade. É uma participação inclusiva, acessível a todos os envolvidos. Embora seja uma meta desafiadora, é alcançável.”

Fonte: https://anovademocracia.com.br/am-responsaveis-de-alunos-protestam-contra-demissao-arbitraria-de-diretora-de-escola-por-secretaria-de-educacao/