A organização Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI) denunciou, em nota, o assassinato do indígena Tadeo Kulina, encontrado morto por espancamento na capital amazonense. Em documento assinado “Quem matou Tadeo Kulina?”, a entidade denuncia as informações difusas sobre o caso e a inoperância das investigações frente ao ocorrido.
Tadeo tinha 34 anos e morava na Aldeia Foz do Acuraua, no município de Envira, cerca de 1,2 mil km da capital. De acordo com as informações ele chegou a Manaus no dia 1 de fevereiro e estava acompanhando sua esposa grávida na Maternidade Ana Braga. O casal integra uma etnia de recente contato e pouco falavam de português. Eles não receberam ajuda de nenhum órgão nessa trajetória.
O indígena foi constatado desaparecido no dia 13 de fevereiro e foi encontrado alguns dias depois, já no IML, morto após uma sessão de espancamento por autores desconhecidos. Segundo a entidade, os BOs que foram realizados sobre o caso, traziam informações difusas:
“Também nos foi omitido várias informações e algumas delas não batem, até mesmo o B.O. feito, não consta detalhamentos”, destaca a entidade.
Informações coletadas pelo correspondente local do AND , indicam também que os seus parentes da etnia Kulina só ficaram sabendo do seu desaparecimento sete dias depois do ocorrido.
Além da clara confusão da PM sobre o caso, agentes do Distrito sanitário especial indígena também atuaram com negligência. O documento denuncia que os agentes chegaram a espalhar informações de o que indígenas morreu enquanto estava tendo alucinações. PAra a FAMDDI, a situação é um motivo de “indignação”, uma vez que dá “a entender que a culpa seria do parente [Tadeo]. Isso é um absurdo”.
Frente a esse crime, a FAMDDI exige uma investigação adequada do caso e a punição não somente dos executores, mas também daqueles que se omitiram frente à situação.
“A FAMDDI reivindica que o assassinato de Tadeo Kulina seja devidamente investigado, os responsáveis diretos e por omissão de suas responsabilidades sejam identificados e a Justiça se realize diante da impunidade histórica que marca o ato de justiça sobre crimes cometidos contra os povos indígenas neste país e no Amazonas”, afirma.