DF: PM invade aldeia Again Sam e ameaça derrubar moradias de indígenas - A Nova Democracia


Autor: Comitê de Apoio – Brasília (DF)
Categorias: Povos Indígenas
Descrição: PM-DF invadiu a aldeia indígena Ahain Aam no dia 29/02 e ameaçou derrubar as casas dos moradores. Os ataques vêm desde a semana passada e uma casa já foi derrubada.
Seção de links: luta-pela-terra
Tempo modificado: 2024-03-01T14:03:26-03:00
Tempo publicado: 2024-03-01T14-01-08-03-00
Seções: Povos Indígenas
Tag: despejo
Tipo: article
Tempo atualizado: 2024-03-01T14:03:26-03:00
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A Polícia Militar (PM), a mando do Governo do Distrito Federal (GDF), invadiu a aldeia indígena Ahain Aam, localizada no Paranoá, no último dia 29 de fevereiro. Os PMs ameaçam derrubar as casas dos indígenas nos próximos dias.

A invasão foi feita em conjunto com a Funai, o MPI, e a Terracap, com a “justificativa” de que haviam recebido uma denuncia de que não havia ninguém morando nas terras, que queriam conferir se havia casas lá, e se os moradores realmente eram indígenas. O tom foi logo mudado no curso da ação, com as promessas finais de derrubada das casas.

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Os PMs tentaram emplacar ainda uma negociação em torno de uma retirada sem confrontos. Nela, todas as construções, exceto uma das casas, seriam derrubadas pelo governo e os moradores seriam forçados a abandonar a área. Outras instalações seriam confiscadas por tempo indeterminado e levadas para um suposto depósito.

Os indígenas contestaram a decisão absurda. “A gente mora aqui. Eu vou entregar o que eu tenho e onde é que eu vou dormir?”, questiona uma das lideranças aos representantes do governo. Em vídeo veiculado nas redes sociais, é possível ver PMs rindo enquanto promovem a expulsão.

Ataques à aldeia derivam de especulação imobiliária

Moradores denunciam que estes ataques vêm ocorrendo desde o dia 23/02, quando a PM invadiu pela primeira vez as terras para retirar os moradores. Na ocasião, os militares passaram o dia no local e derrubaram a casa de um dos moradores. A residência estava vazia na hora porque a moradora, uma mulher grávida, havia ido ficar com parentes.

Segundo apoiadores da causa, essas invasões por parte do GDF e da PM tem ligação com especulação imobiliária, pois os ataques à aldeia começaram somente após o início da construção do condomínio Jardins Genebra, próximo às terras indígenas. Denunciam ainda que por vezes foram grileiros nas terras, carregando supostos documentos de propriedade. Os indígenas recusaram-se a sair frente as tentativas dos grileiros e, então, a PM assumiu a repressão.

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Além disso, no mesmo dia da visita do dia 29/02, os grandes empresários do condomínio Jardins Genebra tiveram uma reunião com o GDF. Moradores e apoiadores da aldeia denunciaram que os servidores públicos saíram da reunião direto para a terra indígena.

Indígenas criticam governo

Em grupo de apoio à causa indígena no DF, os ativistas criticam o silêncio de supostas “lideranças” indígenas quanto ao que vem ocorrendo na aldeia Ahain Aam.

Em uma das mensagens, um integrante do grupo republicou um post recente de Sônia Guajajara comemorando a chamada “bancada do cocar” e comentou “enquanto isso, a poucos quilômetros do despejo [no Congresso], só alegria”, referindo-se ironicamente a situação de conflito vivida pelos indígenas no DF.

Outro diz ainda que “é por isso que não ajudaram [a aldeia Ahain Aam]. Estavam muito ocupados pedindo dinheiro para a bancada do cocar”.

Fonte: https://anovademocracia.com.br/df-pm-invade-aldeia-ahain-aam-e-ameaca-derrubar-moradias-de-indigenas/