Editorial semanal – Governo de turno se equilibra na pinguela - A Nova Democracia


Autor: Redação de AND
Categorias: Editorial
Descrição: Para atuar com dignidade, como força política independente, os trabalhadores necessitam se libertar das amarras ideológicas, segundo as quais, é preciso contentar-se com o mínimo. “As coisas não estão boas, é certo, mas é o possível, e tudo ficará ainda pior se não se contentar”. Desde a antiguidade, essa é a forma mais eficiente de manter submissos os escravos.
Seção de links: situacao-politica
Tempo modificado: 2024-03-12T18:06:09-03:00
Tempo publicado: 2024-03-13T04:24:05+08:00
Seções: Editorial
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Tipo: article
Tempo atualizado: 2024-03-12T18:06:09-03:00
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Como se vê, as melhorias sazonais no índice do PIB e “criação de empregos” são apenas estatísticas. Já é da sabedoria popular que um governo das classes exploradoras mente de duas formas: uma é mentindo mesmo, descaradamente, a outra é publicando estatísticas que, mostrando tudo, escondem o que é fundamental. Os 3% de crescimento do PIB é número artificial alavancado pela safra recorde do latifúndio agroexportador, cuja exportação de sua produção, por exemplo, não contribuem com impostos; não trazem melhoria nenhuma à situação econômica da maioria da população, isto é, os trabalhadores, como ocorre com o preço da cesta básica, que encareceu novamente em fevereiro (em 14 das 17 capitais, houve alta nos preços). Só no Rio de Janeiro, a alta foi em média de 5,1%.

A alta na rejeição não foi, portanto, resultado de uma suposta reação às falas do mandatário do País no estrangeiro em condenação ao genocídio sionista em Gaza. Afinal, a Luiz Inácio só resta mesmo condenar os absurdos no plano internacional, onde sua palavra, no máximo, causa incômodos diplomáticos sem repercussão importante. (As palavras de condenação a Israel, diga-se de passagem, sempre vêm antecedidas de condenações duras à Resistência Nacional Palestina, fazendo coro com o berreiro reacionário de “terrorismo do Hamas”). Já no plano nacional, o Luiz Inácio não pode fazer seus arroubos de posar como “progressista”, já que a economia está entregue à oligarquia financeira internacional e a governança política está entregue ao presidente de fato, o coronel ontem bolsonarista Arthur Lira, quem, além de controlar a agenda política do País (controlando o que é ou não votado no Congresso Nacional), exerce também o controle sobre a parte mais importante do Orçamento da União. É o governo.

Luiz Inácio tampouco pode falar em demasia sobre o “agronegócio” pois soaria estranho, ainda mais depois de lhe ter cedido o maior Plano Safra da história do País, muito superior ao de Bolsonaro, enquanto que, para a “reforma agrária” do velho Estado, em 2023 e em 2024, o governo de turno destinou miseráveis R$ 2 bilhões, mesma quantia que Bolsonaro destinara em 2021. Todos dizíamos que Bolsonaro queria a morte da “reforma agrária”; o que quer quer Luiz Inácio, ademais de sua cantilena de prestidigitador ante as massas populares?

As massas populares, do campo e da cidade, acumulam lições desse período. Para atuar com dignidade, como força política independente, os trabalhadores necessitam se libertar das amarras ideológicas, segundo as quais, é preciso contentar-se com o mínimo. O “mínimo”, alcançado hoje através do apelo enganoso de salvar o País das mãos de um celerado e do apoio a um governo de turno sentado no colo da direita e de conciliação com o núcleo duro do golpismo, está condenando-as a um futuro no qual o “mínimo” será ainda pior. É assim que a velha ordem segue enganando as massas, tudo garantido através da conhecida chantagem: “as coisas não estão boas, é certo, mas é o possível, e tudo ficará ainda pior se não se contentar”. Desde a antiguidade, essa é a forma mais eficiente de manter submissos os escravos. É sinal também sacramentado pela história de que, sistemas como este, não importa quais sejam as manobras de governantes, ruirão e serão varridos!

Fonte: https://anovademocracia.com.br/editorial-semanal-governo-de-turno-se-equilibra-na-pinguela/