6 anos de impunidade: Marielle foi morta no rastro da escalada golpista - A Nova Democracia


Autor: Jaílson de Souza
Categorias: Situação Política
Descrição: Marielle foi vítima da velha democracia que, incapaz de aplacar o golpismo que germina desde suas entranhas, produziu o próprio bolsonarismo e amamentou a extrema-direita com décadas de apaziguamento e conciliação.
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Tempo modificado: 2024-03-14T18:20:11-03:00
Tempo publicado: 2024-03-15T03:46:31+08:00
Seções: Situação Política
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Tipo: article
Tempo atualizado: 2024-03-14T18:20:11-03:00
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Completaram-se 6 anos do abominável atentado político da então vereadora Marielle Franco, em via central da cidade, no bairro do Estácio. O Rio de Janeiro vivia, naquele 14 de março de 2018, em plena intervenção militar, com o general Walter Braga Neto e o Comando Militar do Leste do Exército reacionário assumindo o comando cabal de toda a estrutura policial-militar do estado, enquanto, Brasil adentro, a extrema-direita bolsonarista escalava sua atuação através da violência reacionária para instaurar uma situação de caos social e comoção tal no País que convencessem os altos oficiais das Forças Armadas a fazerem a tal “intervenção militar”.

Como já afirmou esta tribuna, “são tolas todas as teses que buscam dar respostas circunstanciais ou centrada na figura da vereadora, como aquela que advoga que a morte fora encomendada porque Marielle teria sido uma ‘pedra no sapato’ dos paramilitares. Não, nenhuma dessas teses se sustentam” . Se bem possam haver convergências circunstanciais de interesses, a verdade é que Marielle foi morta no esteio e no rastro da escalada golpista promovida pela extrema-direita, em escala nacional.

Por delações, já se sabe que Élcio Queiroz, ex-policial militar, foi o motorista do carro que perseguiu a ex-vereadora, enquanto que Ronnie Lessa, também ex-policial militar, foi o executor do atentado. Sabemos ainda que, no ano novo de 2017, Ronnie Lessa procurou Élcio, informando que faria o atentado, inclusive dizendo que já havia tentado, sem sucesso, naquele mesmo ano. Ronnie e Élcio mobilizaram ainda Maxwel Simões Corrêa e Edilson Barbosa dos Santos para realizarem a vigilância da rotina de Marielle e o desaparecimento do carro que seria utilizado na operação. Por fim, sabemos que Ronnie Lessa não foi o idealizador da operação: o executor de Marielle sequer sabe quem é o mandante, pois tudo foi intermediado pelo ex-policial militar Edmilson Oliveira da Silva (Macalé), que foi oportunamente executado em uma emboscada, em 2021.

As próprias investigações buscam, numa relação interpessoal, a motivação para o atentado. E fracassam. Seja quem for o mandante, apenas uma visão de conjunto pode interpretar corretamente os fatos. Façamos novamente uma regressão, que esta tribuna já fez em outros momentos

Não haverá verdadeiro esclarecimento do crime se não houver verdadeira investigação dessas relações mais abrangentes. Marielle foi vítima da velha democracia que, incapaz de aplacar o golpismo que germina desde suas entranhas, produziu o próprio bolsonarismo e amamentou a extrema-direita com décadas de apaziguamento e conciliação. Além de vítima do bolsonarismo, Marielle foi vítima das próprias ilusões com a “democracia”.

Fonte: https://anovademocracia.com.br/6-anos-de-impunidade-marielle-foi-morta-no-rastro-da-escalada-golpista/