Após anunciar o adiamento do despejo do camelódromo da Uruguaiana , centro do Rio de Janeiro, resultado decorrente das mobilizações feitas pelos próprios camelôs , o prefeito da cidade anunciou que iria legalizar 75 dos quase 200 camelôs que lá trabalham diariamente através de um sorteio, como uma clara forma de dividir a categoria. Contudo, as injustiças e irregularidades do processo só elevaram a unidade de luta dos camelôs, que prometeram novas mobilizações.
A realização do sorteio, contudo, foi feita com uma série de irregularidades, conforme denunciaram os trabalhadores da Uruguaiana ao correspondente local de AND. Dos 199 comerciantes, somente 125 foram registrados, com a justificativa que sua mercadoria era legal e nenhum possuía nenhuma “pirataria”, o que foi reforçado pelo monopólio de imprensa. Destes 125, apenas 75 foram sorteados para continuar com suas barracas na Uruguaiana. Essa numeração foi selecionada de forma arbitrária e teve como estratégia a lógica de “dividir para conquistar”, cedendo estas 75 vagas in situ na uruguaiana como forma de criar rivalidade entre os que obtiveram aval para continuar com suas barracas e aqueles que seguem lutando por um aval.
Os camelôs denunciaram que a maioria dos nomes sorteados sequer eram de trabalhadores da Uruguaiana. Entre os trabalhadores estrangeiros, que compõem a maioria dos comerciantes locais, o número de sorteados foi ainda menor.
Se o prefeito reacionário pretendia dividir os camelôs, na realidade a medida só elevou a unidade de luta dos trabalhadores locais, que elevaram suas mobilizações com o apoio da minoria que foi sorteada. Os comerciantes, de todas as nacionalidades, declararam-se insatisfeitos com essa grande injustiça e prometem lutar contra a medida do velho Estado até que todos os camelôs possam atuar na legalidade, sem estarem sujeitos a truculência policial na hora de exercer seu trabalho.