Uma moradora do condomínio popular Princesa Isabel denunciou ao AND a ameaça de despejo que sofre por parte do Velho Estado. Nelita Costa Carvalho tem 72 anos e mora há dezoito no seu apartamento; desde que foi presa injustamente em 2009, vive sob constantes ameaças de despejo.
As ameaças começaram com sua prisão injusta durante uma operação policial em 2009, em que homens que carregavam drogas e armas se esconderam em seu apartamento durante a invasão do condomínio. Ela ficou presa até 2014, cumprindo toda sentença, mas mesmo assim era constantemente ameaçada pelo Departamento Municipal de Habitação (DEMHAB) a ser despejada por estar supostamente guardando armas e drogas em seu apartamento.
Ela conta que desde a pandemia de Covid-19 não pode pagar o aluguel, o que levou ao DEMHAB a aumentar o tom das ameaças, chegando a receber uma carta que dizia que seria despejada pelo choque, mesmo sendo idosa e vivendo com um bebê de 2 anos de idade.
Quando perguntou ao DEMHAB o que ocorreria com ela, já que não tinha para onde ir, foi informada que deveria “ir para um asilo” e que a criança seria entregue ao conselho tutelar.
“A justiça acredita na polícia ao invés de acreditar nas pessoas, se a polícia disser que eu tenho um saco de sessenta quilos de droga no meu apartamento, a justiça acredita”, disse em depoimento ao AND .
A comunidade se mobilizou para repudiar a ação de despejo, e rapidamente o secretário do DEMHAB André Machado, que havia afirmado à Nelita que nada poderia ser feito, mudou o tom e informou que a ordem de despejo havia sido postergada indefinitivamente.
Condomínio tem histórico de repressão
O condomínio Princesa Isabel é alvo de constante repressão e cerco por parte das polícias e do monopólio de imprensa. Em maio, policiais militares invadiram o condomínio e , sob sequestro, torturaram e mataram o trabalhador Vladimir Abreu .
Em setembro, os moradores enfrentaram uma outra invasão que deixou um morto dentro do condomínio. usando paus e pedras, eles fizeram os policiais recuarem.