O preso político mais antigo da Europa, George Abdallah, teve sua liberdade anunciada neste sábado, 16, após procuradores da França chegarem num acordo para que o revolucionário libanês seja posto em liberdade no dia 06 de dezembro, sob a condição de que ele deixe o país. O escritório do procurador de antiterrorismo da França disse que vai recorrer da decisão.
Da guerra civil no Líbano às ações internacionais
George Ibrahim Abdallah, 73, é um militante histórico do movimento comunista internacional e combatente da causa palestina. Em sua juventude compôs o Partido Nacional-Socilista Sírio e a Frente Popular pela Libertação da Palestina – Operações Externas (FPLP-OE), organização marxista-leninista, engajando-se na luta armada contra o sionismo desde o Líbano. Em 1979 Abdallah funda, junto de outros 30 militantes, as Facções Armadas Revolucionárias Libanesas, grupo formado por cristão maronitas em solidariedade à causa palestina, e que foi muito ativo no Líbano durante a guerra civil de 1982 e no exterior, com ligações com a Fração do Exército Vermelho (RAF) da Alemanha Ocidental e as Brigadas Vermelhas da Itália.
Entre 1980 e 1987 o grupo, sob direção de George, realizou mais de 18 ataques a bomba na Europa Ocidental contra alvos do sionismo e imperialismo, principalmente ianque. Também foram responsáveis pelo aniquilamento do adjunto militar da Embaixada Americana em Paris, Tenente Coronel Charles R. Ray e do diplomata israelense Ya’akov Bar Simantov, além de outros alvos de peso.
Um convicto militante que resistiu às durezas do cárcere
Abdallah foi preso em 1984 após seu carro ser parado pela polícia a caminho de Lyon. Foi detido inicialmente por porte ilegal de armas e passaportes falsos, mas logo foi condenado por uma corte francesa pelo envolvimento nas mortes de Ray e Bar Simantov. A sentença de prisão perpétua teve seu tempo mínimo cumprido em 1999, e desde então a cada dois anos é possível a defesa de Abdallah requisitar a sua soltura.
Abdallah é reconhecido internacionalmente por sua convicção ideológica, demonstrada principalmente através de sua postura firme na prisão. Nunca renunciou aos seus propósitos nem se arrependeu de nenhum de seus atos, negando-se a colaborar em qualquer nível com a polícia francesa. Sempre se manteve solidário a outros presos políticos, engajando-se em campanhas internacionais pela libertação de Ahmad Saadat e outros. É hoje o preso político mais antigo da Europa, servindo já 40 anos de sentença. Por conta disso a luta por sua libertação tem sido símbolo da luta pela libertação de todos os presos políticos mundialmente.
Movimento internacional pela liberdade de George Abdallah
Um forte movimento internacional chamado Campanha Unitária pela Liberdade de George Ibrahim Abdallah (CUPLGIA) tem sido responsável por manter acesa a chama de sua libertação em todo o mundo. Em uma ação recente o grupo realizou manifestações em 33 cidades na França, incluindo Reunión e Córsega, bem como Bélgica e Espanha simultaneamente, conforme informações do periódico revolucionário francês La Cause du Peuple.
Em 2013 uma corte já havia sido a favor da soltura do militante comunista, porém o então Ministro do Interior da França Manuel Valls, seguindo ordens da embaixada americana, recusou-se a possibilitar que ele saísse do país, o que era condição para a sua liberdade.
Com a elevação monumental da propaganda e solidariedade à causa palestina desde a ofensiva Dilúvio de Al Aqsa em 07 de outubro de 2023, o papel histórico de militantes como Abdallah tem sido cada vez mais considerado entre círculos democráticos e revolucionários da Europa. Por conta disso o CUPLGIA afirma que agora há uma possibilidade real de que Abdallah seja enfim liberto e chama todos os democratas, revolucionários e simpatizantes da causa palestina a elevarem a campanha internacional pela sua libertação.