Camponeses do Acampamento Menino Jonatas expulsaram a Polícia Militar da entrada da sede do Engenho Barro Branco às 21h do dia 17/11. A PM, que chegou com uma viatura na entrada do Engenho e exigiu que os camponeses abrissem passagem para dentro do território camponês, tiveram que recuar ao ver a crescente presença de moradores dispostos a defender suas terras.
Dois policiais do 10º Batalhão da PM, o mesmo que protegeu e escoltou 50 pistoleiros durante a Batalha Feroz de Barro Branco, estacionaram a viatura em frente à entrada da Sede de Barro Branco e exigiram aos camponeses em vigia, sob o pretexto de cumprir uma ordem de “ronda”, que abrissem a entrada ao Acampamento Menino Jonatas.
Quando questionados por um advogado popular da Associação Brasileira de Advogados do Povo Gabriel Pimenta (ABRAPO), exigiram o nome do advogado, qual escritório fazia parte, e por fim se tinha algo que comprovasse que trabalhava mesmo naquele escritório , com o intuito de intimidá-lo e provocá-lo.
Mesmo após ouvirem do advogado popular que os moradores, pelo histórico de assédio e importunação da polícia aos posseiros em luta, não se sentiam confortáveis com a presença da PM perto de suas casas naquele horário, os policiais continuaram a insistir de maneira provocadora, com a intenção de esgotarem os posseiros, e de utilizarem indignação do povo para justificar o uso da força.
Exemplo de uma dessas falas, foi a do policial que, ao comentar sobre a Batalha Feroz de Barro Branco , disse que “o que houve foi fogo cruzado, a polícia não podia fazer nada”, que “do mesmo jeito que quem usa armamento ilegal [em referência ao uso de armas liberadas apenas para militares pelos pistoleiros] é bandido, quem tem medo de polícia é bandido também ”, e que “se a gente fosse invadir, chegaríamos com 10 viaturas, não só uma”.
Enquanto o advogado popular conversava com os PMs, os camponeses de Barro Branco se preparavam para resistir à invasão: no começo da discussão, soltaram fogos de artifício para alertar e convocar todos os moradores, e prepararam rapidamente uma barricada, semelhante à feita durante a Batalha de Barro Branco, para defender sua posição contra o futuro avanço policial. Ao perceber a multidão camponesa que foi convocada pelo barulho dos fogos, que durante todo o ocorrido gritavam “Fora polícia!”, assim como a barricada, os invasores recuaram, tal como os 50 pistoleiros que também tentaram invadir Barro Branco .
Polícia Militar tem histórico de importunação em Barro Branco
A Polícia Militar em Jaqueira, e mais especificamente o 10º Batalhão da Polícia Militar, é denunciada por ser instrumentalizada pela empresa grileira Agropecuária Mata Sul S/A para recolher informação sobre os camponeses em luta, intimidando mulheres e crianças a fim de escalar o conflito em Barro Branco.
Há relatos de casos em que a polícia intimidou crianças para que delatassem os pais , em que prendeu ilegalmente um camponês , cuja moto foi roubada e continua apreendida até hoje. Os pistoleiros de Guilherme Maranhão, segundo denúncia dos camponeses, usam drones da polícia à noite para conseguir informações para o planejamento de invasões .
Nem a polícia, nem nenhuma outra autoridade local responsabiliza a Empresa Agropecuária Mata Sul S/A pelo envenenamento dos poços d’água da região ou pelo incêndio do plantio dos posseiros .
Os camponeses de Barro Branco afirmam que defenderão suas terras até o fim
Os camponeses de Barro Branco, organizados pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP), estão determinados a defender suas terras até o fim. É por causa de tal determinação e resistência que conseguiram
derrotar o Movimento Invasão Zero
pela primeira vez desde sua criação, e é por causa disso que avançam a passos tão largos para conquistar a terra que lhes é de direito.
As vitórias e os avanços da resistência camponesa em Pernambuco, no Nordeste e em todo o Brasil comprovam cada vez mais a posição do camponês como os palestinos do Brasil e que, assim como a Heroica Resistência Palestina, quando unidos e em luta, nada nem ninguém conseguirá deter a luta pela terra que travam dia-a-dia.