Na última quinta-feira, 14/11, a correspondência local de AND em São Luís entrevistou um trabalhador quilombola pertencente a uma das comunidades de Alcântara que está sob ordem de despejo, por conta da expansão da base do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) presente no território. Conhecido como Xibé, o quilombola, junto da sua comunidade, estava na capital para denunciar a situação.
Levantando placas com os dizeres “chega de violência em Alcântara”, na praça Nauro Machado, Xibé explicou a situação atual das comunidades:
“Na cidade temos 217 comunidades negras e fomos arrancados pela aeronáutica nesses 35 anos anos em que estão lá. Eles deslocaram 50 dessas comunidades, que tinham seu meio de sobrevivência pelo cultivo do buriti, juçara e pesca. Nós fomos para lugares completamente diferentes e é difícil para se adaptar […] Muitas pessoas mais idosas morreram após o deslocamento, porque não conseguiram se adaptar”, afirmou o entrevistado se referindo ao deslocamento e reassentamento dos quilombolas nas chamadas agrovilas, terras que, como o mesmo conta, não possuem a mesma qualidade das tradicionais para sobrevivência.
O trabalhador também relatou que as comunidades estão desamparadas, mesmo após as promessas feitas pelo presidente Luiz Inácio, com o lançamento do Termo de Execução Descentralizada (TED), que visava destinar recursos para projetos de educação e segurança alimentar para os quilombolas.
Sem qualquer indenização pela perda de suas terras, muitos moradores estão com dificuldades e optando por vir para a cidade pedir dinheiro nas ruas.