PR: Comunidade terapêutica em Mandaguari é interditada - A Nova Democracia


Author: Correspondente local - Maringá (PR)
Categories: Nacional
Description: Um dos responsáveis pela comunidade estava presente no local e acompanhou a interdição.
Link-Section: nacional
Modified Time: 2024-11-19T17:47:11-03:00
Published Time: 2024-11-20T04:47:06+08:00
Sections: Nacional
Tags: Crise na Saúde, luta antimanicomial, Saúde do povo
Type: article
Updated Time: 2024-11-19T17:47:11-03:00
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A Vigilância Sanitária de Mandaguari interditou, na manhã do dia 8 de novembro, uma comunidade terapêutica localizada à beira da rodovia PR-444, em decorrência de uma série de irregularidades que o local apresentava, entre elas: assédio, cárcere privado, ausência de controle de qualidade da água, falta de controle sobre os medicamentos aplicados e não-realização de exames no momento da admissão dos internos.

Um dos responsáveis pela comunidade estava presente no local e acompanhou a interdição.

Uma semana antes da interdição, durante a fiscalização, os agentes constataram muitas irregularidades no local, que não tinha responsável técnico. A comunidade terapêutica contava, no total, com 21 internos, incluindo um adolescente, encontrado no local. Todos receberam acompanhamento psicológico e foram assistidos pela Secretaria de Assistência Social do município.

De acordo com o Chefe da Vigilância Sanitária, Adriano Borges, conforme relatos, alguns internos eram mantidos na comunidade contra a própria vontade: “Aqui (a internação), devia ser uma questão voluntária: o interno deveria poder entrar e sair no momento em que desejasse, e não era o que acontecia. Os internos, segundo as denúncias, eram mantidos em cárcere privado. E tem a questão do assédio, questão alimentar e a qualidade da água, entre outras questões sanitárias, também irregulares.”

Governo do Paraná é o financiador

Por mais chocante que o caso possa parecer, trata-se de realidade cada vez mais comum no País, onde o necessário amparo social e psicológico do povo tem sido delegado ao obscurantismo das assim chamadas comunidades terapêuticas .

Neste sentido, o estado do Paraná não fica atrás. Ainda no fim de outubro, o Governador do estado do Paraná, Sr. Ratinho Jr., anunciou, no dia o investimento anual de 10 milhões de reais para as comunidades terapêuticas, estas que fazem parte do Programa de Atenção às Pessoas em Situação de Uso Prejudicial de Álcool e Outras Drogas.

PR: Governo do Paraná investe 10 milhões anuais nas chamadas ‘comunidades terapêuticas’ – A Nova Democracia
Comunidades terapêuticas, entidades privadas majoritariamente ligadas a igrejas pentecostais, têm sido apontadas por diversos ativistas da luta antimanicomial como uma reedição dos manicômios. O Governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), as considera parte Programa de Atenção às Pessoas em Situação de Uso Prejudicial de Álcool e Outras Drogas.
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Vale ressaltar que a maioria dessas unidades são ligadas à entidades religiosas. Além disso, muitas dessas já foram denunciadas por tortura, maus tratos, cárcere privado e trabalho forçado. Os principais tratamentos, segundo as denúncias, combinam abstinência, conversão religiosa, internação compulsória e trabalho forçado, métodos que contrariam todas as correntes científicas no campo da psicologia.

Após o anúncio da verba, o governador do estado do Paraná ainda defendeu as comunidades terapêuticas como uma forma de fazer o que “o Estado não pode”.

Em nota publicada no dia 29/10, o Conselho Regional de Psicologia do Paraná rebateu: “Denunciamos que não é correto ofertar esses serviços como se não houvesse alternativa adequada, utilizando o sofrimento como combustível para fins de acúmulo financeiro, religiosos e eleitorais”.

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