PB: Ativistas e estudantes se reúnem em manifestação contra a escala 6x1 em Campina Grande - A Nova Democracia


Author: Correspondente local – Campina Grande (PB)
Categories: Nacional
Description: Durante o ato, os manifestantes fizeram falas, expuseram faixas e entregaram panfletos aos trabalhadores que transitavam no local.
Link-Section: nacional
Modified Time: 2024-11-19T16:49:45-03:00
Published Time: 2024-11-20T03:36:12+08:00
Sections: Nacional
Tags: pelo fim da escala 6x1
Type: article
Updated Time: 2024-11-19T16:49:45-03:00
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Ativistas e estudantes realizaram uma manifestação no último dia 15 (sexta-feira) contra a escala 6×1, na frente de uma empresa de call-center, em Campina Grande — PB. Os manifestantes fizeram falas reivindicando melhores condições de trabalho, enquanto foram distribuídos panfletos explicativos sobre a PEC.

O protesto faz parte de uma mobilização nacional a favor do movimento Vida Além do Trabalho (VAT).

Durante o ato, os manifestantes fizeram falas, expuseram faixas e entregaram panfletos aos trabalhadores que transitavam no local. Ainda na ocasião, foi exposto um cartaz de apoio aos camponeses de Barro Branco.

Manifestantes erguem faixa em apoio aos posseiros de Barro Branco. Foto: Reprodução

O evento  contou com algumas intervenções, dentre elas a de um representante do comitê de apoio local do AND e estudante do curso de História, que esteve presente para apoiar e agitar a manifestação.

Em sua fala, o estudante também reforçou que a luta pelo reajuste da escala é mais do que justa, tendo como base o relato de seu próprio adoecimento pela síndrome de burnout ao ser obrigado a conciliar uma exaustiva jornada de trabalho da escala 6×1 com seus estudos e, diante disso, ser demitido. Confira:

Psicólogo denuncia impacto da escala 6×1 em trabalhadores de call center

Durante a manifestação, o comitê de apoio do AND entrevistou um psicólogo de 23 anos,o, que compartilhou as experiências que vivenciou durante seu estágio acadêmico, quando integrou um programa de atendimento social.

Segundo o profissional, a maioria dos pacientes atendidos no programa eram funcionários de empresas de call center, submetidos à exaustiva escala de trabalho 6×1. Ele destacou que grande parte apresentava distúrbios como ansiedade e depressão, e alguns enfrentavam crises tão intensas que se tornavam incapazes de retornar fisicamente ao ambiente de trabalho, resultando em demissão.

Foi muito marcante durante o meu período do curso na universidade, porque eu trabalhei na clínica escola, da aula na sala. A maior parte dos meus pacientes da clínica escola, eles vinham de call center, e eles trabalhavam 6×1, não era coincidência, porque a clínica escola é visada para pessoas que estão em situações que não conseguem pagar uma sessão de terapia por um valor normal, e que estão precisando muito. Estão desesperados e não conseguem esperar .

O psicólogo apontou que a exaustão decorrente dessa jornada era uma queixa recorrente. “ Todos sem falta falavam sobre como era assim, desumana a rotina

É tanto que isso inspirou a gente durante o curso a fazer um estudo que apontava que 80% dos funcionários que trabalhavam como atendentes mesmo, eles desenvolviam alguma doença mental com mais de um ano de trabalho. E quando você chegava em dois [anos] era quase garantido. E a principal delas, obviamente, o burnout, mas também depressão, transtorno de ansiedade generalizada.

Na avaliação do profissional, a escala 6×1 é um dos fatores determinantes para o desenvolvimento dessas condições.

A escala 6×1 e o call center em Campina Grande

Durante o ato também foram denunciados problemas específicos enfrentados por atendentes de call center.

Um rapaz de 20 anos, funcionário da AeC há um ano, compartilhou detalhes sobre sua rotina. Ele afirmou que a jornada de 6 horas e 20 minutos diárias é acompanhada por apenas 40 minutos de pausa, divididos em duas pausas de 10 minutos e uma pausa de almoço de 20 minutos.

É 6 horas e 20 por dia [o trabalho], aí tem 40 minutos, esse 40 minutos é dividido em 2 pausas 10 que não dá tempo para você fazer nada, e depois o almoço que resumindo é uma pausa lanche, que é 20 minutos aí o total dá 40 minutos ”.

Além das pausas insuficientes, o funcionário destacou problemas internos da empresa, como a baixa qualidade dos lanches oferecidos na cantina. Os trabalhadores pagam por essas refeições de péssima qualidade, e relatam que já encontraram até insetos dentro da comida.

Outro ponto de preocupação é a repressão contra trabalhadores que tentam se organizar por melhores condições de trabalho e quando questionado sobre esse ponto, o trabalhador fala que.

A gente já pensou em fazer isso, sendo que a gente não faz porque a gente é ameaçado com as medidas ´[advertência]… ” “Se a gente se mobilizar para fazer qualquer coisa, todo mundo é demitido ou advertido. , relatou o mesmo funcionário. Ele acrescentou ainda que no meio do ano de 2024 alguns trabalhadores tentaram se organizar para reivindicar melhorias e os responsáveis foram demitidos ou advertidos.

Comitê de Apoio ao Jornal A Nova Democracia marcou presença

Os trabalhadores e manifestantes presentes no momento contaram com a presença do comitê de apoio ao AND , que realizou vendas da edição 257, última edição impressa. Também distribuiu edições anteriores sobre a Palestina e movimento estudantil.

Source: https://anovademocracia.com.br/pb-ativistas-e-estudantes-se-reunem-em-manifestacao-contra-a-escala-6x1-em-campina-grande/